domingo, 12 de dezembro de 2010

Reflexão Final

Reflexão Crítica Final

Considerando que não tenho mais nada a acrescentar à reflexão crítica que já fiz sobre o MABE numa das sessões de trabalho, e por isso só iria repetir-me, aqui reenvio como reflexão final, os aspectos fundamentais nela abordados, acrescentando alguns pontos de vista em relação a esta ação de formação em concreto.
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A avaliação de qualquer actividade é sempre pertinente, já que é condição essencial para a deteção de problemas e dificuldades, no sentido do seu aperfeiçoamento posterior. A existência de um modelo uniformizado para uma avaliação das BE será com certeza ainda mais pertinente, tendo em conta os objectivos concretos que persegue e a possibilidade de adaptação às várias realidades e contextos de escolas do país. Ao mesmo tempo, uma avaliação realizada de uma forma uniformizada, garante igualmente o traçar de um caminho uniforme a nível nacional, a formação dos intervenientes para alcançar os mesmos objectivos e a possibilidade da comparação dos resultados entre as várias experiências com todos os ganhos inerentes. Há ainda que ter em conta os investimentos que têm vindo a ser feitos aos níveis central e local, os quais, para além de terem de ser justificados, deverão no futuro ser sempre optimizados, tal como é referido na própria introdução do documento: O Programa Rede de Bibliotecas Escolares (RBE), iniciado em 1996 com a publicação do relatório Lançar a rede de bibliotecas escolares, conta no momento presente com cerca de 2200 escolas integradas. É reconhecido o investimento que tem suportado o crescimento desta rede – investimento a nível central, das autarquias e das próprias escolas – e é necessário assegurar que esse investimento continuará a ser feito (...)( Mabe, RBE, p.4)
A sua pertinência em relação aos objectivos que pretende alcançar é ainda maior, já que se trata de um modelo que se pretende formativo, com o principal objectivo de melhorar o funcionamento da BE e da escola ao nível pedagógico, garantindo um maior sucesso e autonomia nas aprendizagens: (...) o objectivo de facultar um instrumento pedagógico e de melhoria contínua que permita aos órgãos directivos e aos professores bibliotecários avaliar o trabalho da biblioteca escolar e o impacto desse trabalho no funcionamento global da escola e nas aprendizagens dos alunos e identificar as áreas de sucesso e aquelas que, por apresentarem resultados menores, requerem maior investimento, determinando, nalguns casos, uma inflexão das práticas. (Texto da Sessão, p.1).
Este modelo tem como pressupostos alguns conceitos que será fundamental clarificar:
- O conceito de valor como o que tem a ver com a experiência e benefícios que se retiram das coisas. Assim, o valor da BE e o papel do bibliotecário, devem deslocar-se cada vez mais do âmbito do fazer para o ser, no sentido em que, mais do que desenvolver competências de manipulação da informação (fazer), será contribuir para o desenvolvimento de um aluno letrado em informação, o que é essencial para se tornar e ser. Esta perspectiva constitui o valor que a BE e o bibliotecário escolar poderão ganhar na escola, contribuindo para as mudanças globais necessárias na escola do mundo actual, caminhando no sentido de uma melhor formação para a cidadania e de uma maior democratização do ensino.
- Relacionado com a perspectiva anterior, podemos considerar o conceito de interacção, no sentido em que a biblioteca escolar deixa de ser um espaço que disponibiliza e organiza recursos para passar a ser um espaço que interage com a escola através da participação em projectos e actividades em desenvolvimento na escola, e do trabalho articulado com os docentes (Texto da Sessão, p.2).
- O aluno, sujeito de aprendizagem, apresenta-se como actor activo, construtor do seu próprio conhecimento – construtivismo – usando cada vez mais, novas estratégias de conhecimento baseadas no questionamento contínuo e no trabalho baseado na pesquisa e no uso de fontes de informação, desenvolvendo novas literacias.
- A BE, passa a ser um espaço de acesso permanente com acesso online 24 horas através do seu sítio.
- A considerar também o conceito de auto-avaliação como um processo de carácter essencialmente formativo: (...)a auto-avaliação deve ser encarada como um processo pedagógico e regulador, inerente à gestão e procura de uma melhoria contínua da BE. (...)a avaliação não constitui um fim, devendo ser entendida como um processo que, idealmente, conduzirá à reflexão e originará mudanças concretas na prática. (Texto da Sessão, p.1).
- O Modelo de auto-avaliação tem na sua estrutura e concepção o conceito de avaliação no contexto das organizações, com um processo de recolha de evidências e de inquirição sistemáticos, associados ao trabalho do dia-a-dia – conceito de Evidence-Based practice. Esta prática baseia-se na premissa de que todos os alunos podem ser alunos de sucesso, maximizando as suas experiências de aprendizagem.
Em relação à organização do Modelo, parece-me que em termos teóricos será adequada, mas, apesar de nunca o ter posto em prática, a recolha de evidêcias apresenta-se demasiado exaustiva e a operacionalização do modelo, parece estar longe de cumprir o objectivo de início enunciado de que a aplicação do modelo de auto-avaliação seja exequível e facilmente integrável nas práticas de gestão da equipa da biblioteca. (MABE, p.5). Parece-me que para ser posto em prática, se torna demasiado complexo e talvez até, inutilmente complexo, para os 4 níveis de perfis de desempenho definidos. Ou seja, parece-me que não seria necessária uma tão exaustiva recolha e tratamento de dados, para se chegarem às conclusões para as quais remetem os 4 perfis de desempenho. No entanto, o processo de operacionalização do Modelo, tem o grande mérito de conduzir a toda uma mobilização da escola para uma reflexão mais profunda sobre as suas práticas, reflexão essa, fundamental, para uma maior consciencialização dos resultados do trabalho que é desenvolvido e para se operarem as mudanças fundamentais. Na verdade, o modelo de escola actual, está completamente desadequado da realidade do nosso mundo global e das modernas TIC. (A estrutura da escola actual mantém raízes do sec XIX e o professor desse tempo, seria, com certeza, o único profissional, que se pudesse viajar do seu tempo para o nosso, conseguiria desempenhar a sua função com algum sucesso: daria uma aula da mesma forma como muitos dos professores ainda o fazem...e não estranharia sequer a distribuição das mesas e o local da sua secretária...) O projecto das Bibliotecas Escolares com um Modelo de Auto-Avaliação associado ao trabalho diário, poderá contribuir para se começarem a operar as transformações necessárias no funcionamento da escola, à medida que a mesma vá adequando as suas práticas à aplicabilidade do Modelo em causa, proporcionando maior motivação, maior sucesso educativo e melhor formação dos alunos. Estas são as maiores oportunidades que são assim levadas à escola.
A sua exequibilidade poderá ser posta em causa não só pela complexidade do modelo, como já foi referido antes. O modelo de funcionamento da escola actual muito burocratizado, com excesso de reuniões geralmente pouco produtivas, com dificuldade de tempos comuns de trabalho entre os professores, dificultam e podem comprometer muitas das iniciativas do professor bibliotecário e dos professores mais mobilizados. Mesmo assim, é possível iniciar todo um trabalho inovador com os Departamentos das escolas, dependendo do Projecto Educativo das mesmas, de uma forma faseada, onde só alguns se irão envolver de início, mas onde uma perspectiva de acção a 4 anos poderá proporcionar um caminho mais consistente a percorrer. A possibilidade de articular trabalho ao longo dos ciclos de escolaridade ao nível de Agrupamento de Escolas, poderá também dar os seus frutos.
Acrescentaria ainda que, há um excesso de tarefas/competências atribuídas ao professor bibliotecário, para o qual parece remeter actualmente a responsabilidade de fazer a revolução na escola, nas quais não se pode perder de vista a mudança mais profunda e estrutural que está por fazer na instituição escola e da qual a BE e o professor bibliotecário poderão ser só dois agentes privilegiados para ajudar a operar. Por isso também poderá perguntar-se se será adequado importar-se um Modelo de Avaliação construído a partir da realidade das BE de outro país, apesar da sua pertinência e apesar das adaptações que foram feitas.
Em relação à presente Ação de Formação, pareceu-me bem estruturada nas tarefas propostas e na organização da sua sequência. É evidente que foi demasiado concentrada no tempo, o que levou a uma enorme sobrecarga de trabalho. A necessidade imperiosa de participação nos fóruns como tarefa a contabilizar na cotação da avaliação da ação, não me pareceu positiva. Essa troca de ideias deveria obedecer unicamente a um critério de vontade ou necessidade dos formandos e não a uma participação muitas vezes forçada, para contar para a nota, com muito pouco interesse para o desenvolvimento do trabalho.
Para concretizar o seu carácter deveras formativo e para uma muito maior rentabilização do trabalho, o ideal seria o desenvolvimento desta formação acompanhar o processo de auto-avaliação que terá de ser operacionalizado nas escolas este ano lectivo, realizando em concreto as tarefas e reflexões necessárias, num processo contínuo de auto-ajuste e correção, evitando o desgaste de energia e tempo nalguns simulacros que tiveram de ser realizados para a concretização de algumas sessões. Seria assim uma verdadeira oficina de formação, modalidade esta a que deveria obedecer a maioria do processo de formação contínua dos docentes em qualquer área. (Mais uma vez, outros critérios muito alheios a ideais pedagógicos deverão ter sido aplicados, para que esta formação tivesse de ser concluída até Dezembro de 2010...)

Ana Salgueiro
12 / 12 / 10

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

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